
Dr. House: Acontece que as suas opiniões não dão bons resultados. Aconselho a usar as minhas.
Se você é um house-maníaco como eu, e está órfão depois que a série acabou-se vai com certeza querer ler esse livro. Antes de mais nada ignore o fato que é uma “auto-ajuda” porque é a auto ajuda do HOUSE! Classifico-o como o anti-herói das auto ajudas, claro o House é o anti-herói dos médicos: viciou-se em Vicodin, foi preso, manda sua equipe invadir a casa dos pacientes, humilha os membros de sua equipe, desrespeita ordens de seus superiores, faz pouco caso do melhor amigo, pouco se importa com o contato pessoal com seus pacientes, rouba o notebook da namorada e um monte de outras coisas geniais que não caberiam em uma Bíblia…
Toni de La Torre, o autor, é um especialista em televisão e tecnologia, e pelo que eu vi um house-maniaco também, o livro tem um quê que o próprio house poderia tê-lo escrito. Basicamente ensina os passos para não encontrar a felicidade: porque ela é chata (quer algo mais House que isso?)!

Já de início Toni nos apresenta um pequeno teste para saber o quão House você é e se precisa ler o livro (no meu caso deu que eu não precisaria ler, porque eu sou o próprio House haha)… E depois em quatro partes com capítulos rápidos (o que faz o livro ser devorado rapidamente, sem falar no humor houseano e no sarcasmo que nunca acabam) que dão dicas de como não encontrar felicidade, de o que fazer quando se é criticado, como pegar uma pessoa na mentira (Lembre-se “Everybody lies“), e como fazer sua própria armadura (psicológica) que o proteja de tudo e todos. Basta seguir a risca as recomendações e embarcar no jeito House de ser:

Toni também fez uma ampla coletânea das frases mais célebres (com foco nas primeiras temporadas) do nosso médico mais compulsivo por diagnósticos favorito para ilustrar sua aula de “Filosofia House”. No livro esta filosofia pessimista e irônica nos adverte sobre vários ângulo de nossas vidas, um que eu destaco é o “apaixonar-se” e ter o coração partido:
Essa parte faz muito bem jus a luta contra a felicidade, é essa a proposta do livro: deseducar a “doutrinação” para o happyend, entenderam? Não deixa de ser uma crítica da imposição da sociedade de estar “sempre bem e amigável”, somos humanos demais para isso, para que insistir na perfeição plástica vendida pela mídia e cia? Como sabem o House não está nem aí para isso, apesar de sua vida conturbada, ele carrega uma grande sabedoria nisso porque viver confortavelmente é perigoso demais, e talvez a felicidade seja realmente chata.

House não é idealizado, em outros tempos assumiria o papel de vilão fácil fácil, mas o que o livro trás e o seriado também é que é possível ser um porre e ser o herói, porque no fundo todo mundo é um porre. Claro que nem todo mundo tem a desenvoltura do Gregory para isso, né? Mas hoje dia sabemos que não existe nada pleno e essa felicidade que é vendida simplesmente não existe, resta-nos aceitar isso e viver da maneira que nos agrada, como o House diz: “Não cometa acidentes, faça de proposito“, simplesmente VIVA!

La Torre traz também um intertexto bastante obvio mas que não são todos que percebem: House tem muito de Sherlock Holmes! Inclusive há todo um capítulo para explicar essas semelhanças e discorrer sobre as diferenças. Só pensemos um pouco, os dois são extremamente fechados e cheios de idiossincrasias particulares como alta capacidade de dedução e assimilação de fatos/sintomas, são pretensiosos, orgulhosos e arrogantes, exercem uma atração incomum nas mulheres (-q), estão certos e sabem disso, tem um melhor amigo que perdoa suas irreverências e (o mais importante) vivem para desvendar casos médicos/policiais usando tais métodos!
A “Filosofia House” propõe uma vida voltada para a angustia, o sofrimento e a amargura para se proteger do tédio e das pessoas que tentam influência-lo a mudar o que você é. Lembra da frase “A dor é boa porque nos lembra de que estamos vivos” isso é parte do pacote. Esse texto também está disponível no meu blog. E se você é fã de House a leitura é no mínimo obrigatória (o livro não é novo, como assim você ainda não leu?), se não chega a isso você ficaria surpreso como Gregory acerta em muitas coisas… Coisas demais até!
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